quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

AMAMENTAÇÃO E ODONTOPEDIATRIA



Amamentação natural é fundamental para o correto crescimento e desenvolvimento do rosto.

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A atração entre duas pessoas começa a partir de estímulos visuais. Uma olha a outra e, de maneira inconsciente, cada um analisa se aquele indivíduo pode ser um bom parceiro. A estrutura física deve ser harmoniosa e cada parte deve ser proporcional às demais, constituindo um corpo belo e atraente. O rosto não escapa desta avaliação. A face é a área mais visível do organismo e sua imagem fica gravada na memória, para diferenciar uns aos outros. A harmonia do rosto depende de vários fatores e os cuidados devem começar logo após o nascimento do bebê.
Segundo o ortodontista e ortopedista facial Gerson Köhler, a amamentação é fundamental para o correto desenvolvimento e crescimento do rosto. Ao se alimentar no seio da mãe, o bebê realiza movimentos que exercitam a respiração e a musculatura facial. A sucção do leite e a deglutição, ou ato de engolir, fortalece os músculos e direciona a formação dos ossos. “Enquanto a criança mama no seio materno, três necessidades estão sendo supridas. A primeira é a alimentação, a segunda é a exercitação da região bucal e a terceira é a satisfação psicoemocional”, explica o especialista, que atua na Köhler Ortofacial.
Enquanto o neném se alimenta no seio da mãe, são feitas de cinco a 30 sucções por minuto. A quantidade de movimentos depende do tamanho da fome. Gerson observa que a ação dos músculos só é feita da maneira adequada e saudável se houver a amamentação diretamente nas mamas. “O uso de mamadeira pode vir a ser muito danoso em termos de desenvolvimento facial normal. O fluxo do leite muda com os bicos artificiais, mesmo que tenham o chamado formato ‘ortodôntico’, obrigando o bebê a alterar a posição da língua e a engolir de forma errada. Em longo prazo, há consequências para o rosto e as arcadas dentárias”, afirma.
A amamentação materna também influencia a fala. A fonoaudióloga Nilse Köhler, profissional que integra a equipe interdisciplinar da Köhler Ortofacial, ressalta que esta função da comunicação depende da correta estrutura muscular e óssea do rosto. O posicionamento da boca nos mamilos estimula os pontos articulados que produzirão os fonemas. “Amamentar não é apenas alimentar a criança, mas prepará-la também para falar. O fortalecimento e tonificação da língua, bochechas e lábios são essenciais, já que estes músculos são responsáveis pela geração das palavras”, enfatiza.
Chupar os dedos, respirar pela boca e morder objetos – de forma continuada, crônica – são outras atitudes que prejudicam o desenvolvimento facial infantil. Isto acontece porque a função dos músculos faciais é alterada, modificando a estrutura óssea que tem muita plasticidade e começa a ser alterada em relação ao normal. “O rosto é a região corporal mais suscetível a deformações. Os pais devem dar atenção a este fato, pois tudo o que acontece na infância tem reflexos no futuro. Na fase infantil os ossos são extremamente maleáveis, portanto, se a ação muscular for inadequada, a base óssea também será”, esclarece Nilse, especialista em distúrbios funcionais orofaciais.

Respiração bucal é vilã do desenvolvimento do rosto
Gerson aponta que a respirar pela boca é uma das principais causas da alteração do crescimento facial. A respiração correta é caracterizada pelo uso das narinas que filtra, aquece e umidifica o ar inspirado e não deve ser feita pela boca. Caso a criança respire incorretamente, pode haver sintomas como baixo rendimento escolar, distúrbios do sono, irritabilidade, dores de cabeça, sonolência diurna e redução da concentração. “A respiração bucal provoca a geração progressiva de alterações ortopédicas e ortodônticas da região dentofacial e deve ser combatida precocemente”, alerta o ortodontista.
O acompanhamento com especialistas ajuda a identificar qualquer modificação no crescimento do rosto. Nilse recomenda cuidados precoces para garantir o desenvolvimento normal e harmonioso da face. A Monitoração Ortopédica da Face Pediátrica (MOFP) é uma boa estratégia. “A MOFP é uma maneira de prevenir e intervir precocemente nas alterações do rosto, que deve estar em sua melhor forma de beleza e funcionalidade, assegurando a saúde geral de todo o organismo. Bons hábitos devem ser estimulados na infância para que na fase adulta o corpo seja saudável”, acrescenta.

Fonte: Assessoria de Imprensa



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ODONTOLOGIA DO IDOSO




O atendimento odontológico para idosos requer cuidados diferenciados, que levem em conta seu histórico médico, com a colaboração de profissionais de diversas áreas, como medicina e psicologia.

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A conclusão está no livro “Odontogeriatria: uma Visão Interdisciplinar”, escrito pelo dentista Fernando Montenegro, do Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza, mantido pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. Além de dentistas, a publicação contou com a colaboração de gerontólogos e psicólogos, abordando patologia, farmacologia, tratamento odontológico em casos de Alzheimer, Parkinson, câncer, doenças cardiovasculares e AVC, além do atendimento odontológico em UTI e em domicílio.
De acordo com o dentista, uma abordagem global faz toda diferença no tratamento ao idoso. “O paciente necessita de um tratamento em que seu histórico médico seja levado em consideração”, aponta. “É importante que o dentista tenha um bom relacionamento com os demais médicos do paciente, porque nem sempre ele vai dizer ao seu dentista se está com o diabetes controlado, por exemplo. E essa é uma informação importante, que pode ter influência no tratamento.”
O caminho inverso também é importante. O principal problema bucal que afeta os idosos, a redução do fluxo salivar, é, segundo Montenegro, efeito colateral do consumo contínuo de remédios receitados pelos demais médicos para controle de hipertensão e diabetes, doenças crônicas comuns na terceira idade. Como consequência dessa redução, ocorre maior incidência de cáries e lesões na mucosa da boca, que sustentam as próteses, levando o paciente a sentir dor.
Por causa da dor, o paciente a para de usar a prótese e, portanto, deixar de consumir todos os alimentos importantes para uma dieta saudável. Com isso, ele fica mais suscetível às doenças. Também pode acontecer aumento no consumo de certos nutrientes, pois a saliva é importante na limpeza das papilas gustativas, que são responsáveis pelo reconhecimento do sabor dos diferentes alimentos. Pouca saliva significa pouca limpeza nessas papilas e o resultado é que a percepção de sabores como doce ou salgado fica prejudicada e a pessoa idosa passa a temperar mais a comida, podendo exagerar no açúcar ou no sal e tendo problemas no controle de diabetes ou hipertensão.

Bem-estar psicológico
O odontólogo também defende, a partir de agora, uma abordagem preventiva por parte dos dentistas. “Nossa profissão só descobriu como prevenir cáries e problemas de gengiva nos ano 1950. As pessoas que hoje são idosas não tiveram contato com essas descobertas e chegavam aos 30 anos de idade já com os dentes irremediavelmente danificados ou com dentaduras”, explica Montenegro.
O grande problema das próteses é que nem sempre os pacientes cuidam dela. Próteses muito antigas não permitem mastigação eficiente. A mastigação ineficaz impede boa absorção dos nutrientes da dieta, função muito importante para fortalecer a saúde dos idosos. “Os médicos pedem para o idoso manter uma dieta balanceada, consumir muitas fibras, mas se os dentes, ou a prótese, não estão bem, a pessoa não consegue seguir essas orientações”, diz.
Além da importância fisiológica, uma boa dentição é importante para o idoso porque garante boa aparência e melhora a fonética. Dentes quebrados influem na passagem do ar, resultando em alterações na fonética e impedindo boa compreensão do que a pessoa quer dizer. Com boa aparência, e fala melhorada, o paciente recupera a auto-estima, se socializa mais, e pode até tentar se reinserir no mercado de trabalho. Essas atividades são importantes para o idoso, que está mais sujeito à depressão, por exemplo.
Não apenas a carência nutricional contribui para as doenças. “A saliva tem propriedade antibióticas, capaz de controlar as bactérias que habitam a boca. Essas bactérias podem alimentar os problemas de pulmão do paciente, então a boca e a língua devem estar sempre limpas. Mas nem sempre os profissionais que cuidam do idoso sabem disso. É por isso que temos que compartilhar a informação”, defende Fernando.
O livro, publicado pela Editora Elsiever, será lançado no primeiro Congresso Interdisciplinar de Odontologia (Ciosp) da Associação Paulista dos Cirurgiões-Dentistas (APCD), que acontece entre os dias 31 de janeiro e 3 de fevereiro, no Expo Center Norte, em São Paulo.
Mais informações podem ser obtidas por meio do telefone (11) 3061-7882.

Fonte: USP on-line